O controle excessivo de pais super protetores

Tempo de leitura: 5 minutos

relacionamento entre pais e filhos psicologa Ana Paula BrumO amor e a preocupação dos pais são fundamentais para o desenvolvimento saudável dos filhos. Não estou aqui para dizer o contrário disso e nem para minimizar a necessidade de proteção de crianças e adolescentes, que são sim pessoas vulneráveis para situações de abusos.  No entanto, quando esse amor se transforma em um controle excessivo, podem surgir consequências negativas, como falta de autonomia, baixa autoestima e dificuldade em lidar com situações adversas, para além de gerar situações de conflito quando o filho ou a filha atinge a idade suficiente para determinar suas próprias decisões de vida.

Recentemente estourou aqui no Brasil nos jornais e portais de fofoca a relação não tão amigável entre a atriz Larissa Manoela, atualmente com 22 anos, e seus pais. A relação de Larissa Manoela com os pais já estava fragilizada desde o começo do ano: ‘Pra você, eu só vou ser título de mãe’, diz mãe em áudio disponibilizado por Larissa no Fantástico que foi ao ar no último dia 13/08/23.

A atriz e cantora Larissa Manoela diz que abriu mão de todo o patrimônio que acumulou, estimado em R$18 milhões, por causa de uma briga com o pai e a mãe. Segundo a mesma, começaram a surgir divergências a partir do momento em que ela completou 18 anos de idade e que ela percebeu que era o mínimo saber um pouco do meu negócio, já que ela é a peça principal das empresas. Além disso, aparece na imprensa relatos que existem conflitos relacionados ao atual noivo da artista. A mãe de Larissa confirmou que aceitou, mas que não concorda com a relação atual da filha.

Eu não conheço a família, nem o atual noivo da garota e a intenção desse conteúdo não é noticiar o que está acontecendo com eles. Seria até impossível, já que todos os dias saem reportagens diferentes sobre o caso.

Meu convite aqui é trazer um pensamento sobre a estruturação dessa relação familiar, que aparentava ser bastante saudável nas redes sociais, mas que aparentemente, tem algumas situações que podemos utilizar para estudar o comportamento abusivo de pais que são super protetores e que não sabem disso ou que sabem, mas acham que isso é normal.

Os pais superprotetores muitas vezes agem com a melhor das intenções. Eles desejam proteger seus filhos de qualquer dor ou dificuldade, criar um ambiente seguro e garantir que eles tenham todas as oportunidades possíveis.

Pode ser que você não sabe de quais são as principais características de pais super protetores, então vamos comentar aqui alguns deles e você presta atenção para ver se você se reconhece tanto na posição do filho ou filha ou de mãe ou pai:

Controle Excessivo: Pais superprotetores tendem a querer controlar quase todas as atividades e decisões de seus filhos, muitas vezes sem dar espaço para a autonomia ou independência da criança.

Tomada de Decisões: Eles podem tomar todas as decisões em nome de seus filhos, desde escolhas simples até decisões mais importantes, como a escolha de amigos, hobbies ou carreiras.

Falta de Desafios: Pais superprotetores podem evitar que seus filhos enfrentem desafios ou obstáculos, na tentativa de protegê-los de qualquer forma de sofrimento ou fracasso.

Hiper preocupação: Eles podem estar constantemente preocupados com a segurança e o bem-estar de seus filhos, muitas vezes imaginando cenários negativos ou perigos potenciais.

Baixa Tolerância ao Risco: Esses pais tendem a minimizar ou evitar situações que envolvam algum risco, mesmo que essas situações sejam normais e necessárias para o desenvolvimento da criança.

Microgerenciamento: Pais superprotetores podem monitorar constantemente as atividades e interações de seus filhos, buscando garantir que tudo esteja sob controle.

Superexigência: Eles podem impor expectativas excessivamente altas para seus filhos, esperando que eles sempre alcancem um alto nível de sucesso, o que pode levar a pressão emocional.

Intervenção Excessiva: Em muitos casos, esses pais podem intervir em conflitos ou desentendimentos que seus filhos têm com colegas, professores ou outros adultos, muitas vezes sem permitir que as crianças aprendam a resolver esses problemas por conta própria.

Isolamento Social: A superproteção pode levar ao isolamento social, uma vez que os pais podem ser relutantes em permitir que seus filhos participem de atividades sociais fora do controle direto.

É bom ressaltar que a superproteção por parte dos pais não se limita apenas à infância e adolescência dos filhos; ela pode persistir mesmo quando os filhos já são adultos. Pais superprotetores de filhos adultos podem exibir comportamentos que limitam a independência, a liberdade e o desenvolvimento desses indivíduos, mesmo quando estão em uma fase de suas vidas em que deveriam estar tomando suas próprias decisões e enfrentando desafios.

As características de pais super protetores na infância e adolescência não mudam muito para quando os filhos já estão na fase adulta. Não é incomum que, quando os filhos começam a se demonstrar mais independentes e autônomos, esses pais se utilizem de estratégias de manipulação emocional para tentar obter um pouco mais de controle sobre a vida dos mesmos.

Comportamentos como: invasão de privacidade, oferecimento de conselhos não pedidos, intervenções em relacionamentos (não somente o amoroso) e subestimação das habilidades dos filhos também podem surgir nessa fase.

 

Consequências

Uma das principais consequências do comportamento superprotetor é a falta de autonomia. Quando os pais tomam todas as decisões pelos filhos e não lhes permitem enfrentar desafios, esses jovens podem crescer com dificuldades para tomar decisões, resolver problemas e lidar com situações adversas. A independência e a capacidade de enfrentar obstáculos são habilidades essenciais para a vida adulta, e privar os filhos dessas experiências pode prejudicar seu crescimento.

Além disso, os filhos criados por pais superprotetores podem desenvolver baixa autoestima e insegurança. Se eles não têm a oportunidade de aprender com seus próprios erros e sucessos, podem sentir que não são capazes de lidar com o mundo por conta própria. Esse sentimento de incapacidade pode afetar sua confiança e sua capacidade de se relacionar com os outros.

Precisa ser considerado que esse tipo de comportamento pode gerar um profundo impacto na relação futura da família. A sensação de não serem ouvidos, respeitados ou autorizados a tomar suas próprias decisões pode levar os filhos a se sentirem ressentidos e profundamente magoados.

Os conflitos frequentes, causados pelas intervenções e manipulações dos pais, podem criar uma distância emocional entre pais e filhos, onde a comunicação é prejudicada e o apoio mútuo diminui. Nenhuma relação (romântica, familiar, amizade) resiste a sequentes brigas e atritos, ainda mais quando a relação é tão profunda. Pode surgir a sensação de esperança quando o conflito se desfaz e dá a impressão que os problemas serão resolvidos e não acontecerão mais. Aqui, a frustração que acomete os filhos nesse tipo de situação também é um grande baque.

É importante para os pais reconhecerem que, à medida que seus filhos crescem e se tornam adultos, é fundamental permitir que eles assumam responsabilidade por suas próprias vidas. Isso não significa que o apoio e o amor devam desaparecer, mas sim evoluir para uma forma de apoio que incentive a independência, o crescimento e o desenvolvimento saudável. Por outro lado, para os filhos adultos, pode ser necessário estabelecer limites claros e comunicar suas próprias necessidades e desejos de forma respeitosa, para que possam encontrar um equilíbrio saudável entre o apoio dos pais e a busca por autonomia.

É muito difícil sustentar a decisão de mostrar limites aos pais, principalmente porque sempre ouvimos frases de romantização a respeito da relação familiar, mas é necessário compreender que uma relação saudável não se faz apenas com os esforços de uma só pessoa. Viver para tentar alcançar o padrão de qualidade de algumas pessoas pode ser um caminho sem volta e te custar um preço caro demais.

Cuide-se!

 


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