Como confiar novamente em uma pessoa que mentiu para você?

Tempo de leitura: 5 minutos

conversa de casal psicologa ana paula brumMentir se tornou algo natural em nossa sociedade. Desde mentiras mais simples, tipo quando falamos bem de algo só para agradar, até enganar pessoas com frases e comportamentos mentirosos de propósito. E não adianta, de A a Z todo mundo já mentiu pelo menos uma vez na vida.

Não venha me dizer aqui do contrário, porque a estatística está aí para não me deixar faltar com essa verdade aqui.

A questão que eu trago aqui hoje é: como então podemos confiar em alguém que já mentiu antes para nós?

É possível esquecer o passado e continuar só “olhando para a frente”?

Pessoas que mentiram antes continuarão mentindo para nós?

Um assunto que costuma aparecer muito nos meus atendimentos no consultório é sobre gente que descobriu uma mentira de uma pessoa próxima e que agora não consegue mais confiar plenamente no sujeito de volta.

Sejam mentiras em casamento, namoro, entre amigos, dentro da família. Até em disputa por posição profissional a mentira pode acontecer como um recurso.

Lá no meu canal no Youtube, eu já produzi um conteúdo exclusivamente para falar sobre os tipos de mentira e pode te ajudar a entender o que faz as pessoas a mentirem tanto. Fique à vontade para ir lá conferir.

Confiar novamente em alguém que já mentiu pode ser um desafio emocional significativo e muitas vezes bastante desgastante. A quebra de confiança é uma ferida profunda nas relações, e a reconstrução dessa confiança exige tempo, esforço e comprometimento de ambas as partes envolvidas.

Claro, vai depender do tipo da mentira, quanto tempo a pessoa sustentou essa história, qual foi a intenção dela e vale a pena até pensar nos prejuízos que você teve ao ser enganado.

Por óbvio que existem mentiras e mentiras. Podemos categorizá-las de forma pedagógica em 3 categorias: as mentiras compulsivas, as patológicas e as mentiras sociais.

A mentira compulsiva é caracterizada pela incapacidade do sujeito em controlar a sua própria narrativa. Ele mente compulsivamente, por mais que essas criações fantasiosas sejam claramente mentiras, mas ele não tem a capacidade de se controlar. A pessoa conta uma mentira atrás da outra, vai se arrastando nesse mar de estórias e acaba se convencendo delas, confundindo a mentira com a realidade.

Uma característica em comum de mentirosos compulsivos é a falta de autoestima e a dificuldade no convívio social. Essas pessoas costumam inventar mentiras para encobrir suas falhas ou para alimentar suas ilusões.

A mentira patológica é um tanto mais complicada que a compulsiva. Aqui estamos lidando normalmente com transtornos de personalidade, aquilo que conhecemos no senso comum como pessoas narcisistas, sociopatas, psicopatas, que na verdade são pessoas que estão dentro do espectro de transtorno de personalidade narcisista ou antissocial.

Nesse caso, a pessoa tem capacidade de compreender a sua mentira e utiliza dessa estratégia para alcançar objetivos pessoais ou prejudicar os demais. Podemos perceber que os mentirosos patológicos costumam ser mais sedutores e confiantes na sua mentira, passam a sensação de convicção. São capazes de mentir olhando nos seus olhos com uma tranquilidade invejável.

Agora, a mentira social é aquela mais comum no nosso dia a dia. São mentiras que surgem sem a necessidade primeira de prejudicar ninguém. Acabam acontecendo para evitar uma situação constrangedora, para você ser uma pessoa mais agradável em um momento específico, são mentiras triviais para que sejamos agradáveis.

É importante observar que o objetivo do ato de mentir também pode depender da incapacidade da pessoa de lidar com seus próprios atos, pode estar relacionado com medos, conveniências, falhas éticas e morais, entre outros.

Tendo isso em mente, para você tentar confiar novamente em pessoas que mentiram para você, primeiramente, é importante que a pessoa que mentiu reconheça o erro, assuma a responsabilidade pela mentira e demonstre genuíno arrependimento. Isso pode ser o ponto de partida para a reconstrução da confiança.

Sem isso fica muito difícil obter a confiança de que o próprio sujeito compreendeu as implicações das suas escolhas.

A transparência é fundamental. A pessoa que mentiu deve estar disposta a ser completamente honesta e aberta em sua comunicação daqui para frente. Isso significa ser franca sobre seus sentimentos, pensamentos e ações, sem esconder informações importantes.

É importante que a pessoa que foi traída tenha espaço para expressar suas próprias emoções e preocupações. Compartilhar como a mentira afetou seus sentimentos e a relação é fundamental para a cura.

Não tenha medo de definir os seus limites. Definir limites e expectativas claras para o futuro pode ajudar a estabelecer um senso de segurança. Ambas as partes devem discutir o que esperam um do outro em termos de honestidade e confiança.

A reconstrução da confiança requer tempo e paciência. A pessoa que mentiu deve estar preparada para ser paciente enquanto a outra pessoa processa seus sentimentos e decide se deseja ou não continuar a relação.

Pequenos gestos consistentes de honestidade e lealdade ao longo do tempo podem ajudar a reconstruir a confiança. Esses gestos mostram que a pessoa está comprometida em fazer as coisas direito.

Se for um caso que aconteceu em uma relação amorosa, a terapia de casal ou individual para ambas as partes pode ser uma opção valiosa. Um Psicólogo pode ajudar a facilitar a comunicação e fornecer orientação sobre como lidar com a quebra de confiança.

Perceba que eu estou trazendo sugestões que impliquem as duas pessoas, e é isso mesmo! A mentira pode ser uma escolha individual, mas o impacto é coletivo e precisa ser resolvido assim. A pessoa mentirosa precisa reconhecer os erros e facilitar os acertos, caso seja diferente disso, a chance de fracasso dessa tentativa de confiar de novo é quase total.

Eu não sou ninguém para te dizer o que é melhor ou pior a ser feito na sua própria vida. Respeito a sua autonomia e desejo que ela seja fortalecida todos os dias. Não querendo extrapolar esse senso que me norteia, cara pessoa, pense com os seus botões se vale a pena confiar novamente em alguém que mentiu para você. Leve em consideração as informações sobre os principais tipos de mentiras, reflita sobre a intensidade e quantidade de vezes que essa pessoa quebrou a confiança que você a deu. Perceba se ela demonstra auto responsabilização pelos atos e se há esforço para uma mudança convincente.

Você tem o direito também de se preservar, se proteger.

É importante reconhecer que, em alguns casos, a confiança pode não ser completamente restaurada. Algumas pessoas podem optar por seguir em frente e encerrar a relação, se a quebra de confiança for muito profunda ou se ocorrer repetidamente. A decisão de confiar novamente ou seguir em frente é pessoal e depende das circunstâncias individuais e da disposição das partes envolvidas em trabalhar na relação.

Cuide-se!

 


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